Conheça mais sobre o projeto da UNIFESP DIADEMA! 

Folhas: alimento e saúde.

No Brasil, as Comunidades Religiosas de Matrizes Africanas são espaços de manutenção dos valores de povos africanos oriundos dos antigos reinos localizados nas regiões onde hoje se situam os países: Angola, República do Congo, República Democrática do Congo, Moçambique, Benim, Togo e Nigéria. No interior dessas comunidades, podemos encontrar manifestações religiosas e culturais dos tempos de formação dos primeiros quilombos: a utilização das folhas para chás e banhos; aplicação das ervas na medicina tradicional; a alimentação comunitária; a coletividade e o sentido de família. O Ilê Axé Iya Oloxum é uma dessas comunidades e se dedica a atividades e projetos destinados à defesa da saúde, da educação, da cultura, da cidadania, do meio ambiente e do desenvolvimento social. Assim, apresentamos o Projeto Folhas: alimento e saúde, a realizar-se, em suas dependências, na rua Juruá, 1010 - Ouro Fino Paulista-Km 4, na cidade de Ribeirão Pires, com previsão de execução para um ano. É um projeto social que desenvolverá estudos, pesquisas e atividades extensionistas em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sobre a utilização de plantas ritualísticas e medicinais em algumas das Comunidades Religiosas de Matrizes Africanas da região, no que se refere às Práticas Integrativas e Complementares, conforme Portaria SAS nº 1.988, de 20 de dezembro de 2018 e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, conforme Decreto nº 5.813 de 22 de junho de 2006 e seu material de apoio atualizado: Memento Fitoterápico (2016) e Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, 2 ed. (2021). Trata-se, assim, de um projeto piloto que poderá abrir possibilidades a outras comunidades, tendo por base e contando com nosso apoio, para a implementação de projetos similares, na região do grande ABCDMRR, junto aos usuários do SUS, ao Povo de Axé e à comunidade em geral.
O projeto se inicia com a revisão bibliográfica e elaboração de material atualizado sobre a utilização de plantas medicinais, segundo as normativas do Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Farmacopeia Brasileira, para futura aplicação nas atividades extensionistas do mesmo. Após autorização do CEP-UNIFESP, será realizada a pesquisa de campo nas comunidades religiosas de matrizes africanas do município de Ribeirão Pires, tendo por base a Portaria SAS nº 1.988, de 20 de dezembro de 2018 (Brasil, 2018).  Essa portaria atualiza a portaria 971GM/MS, de 03 de maio de 2006, ampliando as diretrizes norteadoras para a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). A essas práticas, que se referem à Medicina Tradicional, passam a ser incluídas as Práticas Manuais, a Aromaterapia, a Imposição de Mãos dentre outras. Ressalta-se que as Plantas Medicinais e Fitoterapia já integram as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) desde o início da PNPIC em 2006. Em seus espaços, as religiões de matrizes africanas acolhem e tratam as pessoas que chegam com diferentes problemas. No tratamento, de modo geral, são utilizados alimentos específicos, folhas apropriadas para banhos e chás de ervas diversas. São práticas de valor terapêutico, aplicadas no cotidiano dos rituais. A pesquisa se dará por meio da coleta de dados, obedecendo-se toda a legislação e regulamentação pertinentes, buscando conhecer a importância das folhas e outras partes das plantas no tratamento das pessoas. O estudo e o aprofundamento sobre as propriedades e uso das folhas e plantas, na medicina tradicional e na culinária, se dará de forma empírica, buscando medir e descrever os diferentes saberes coletados, além do devido registro bibliográfico. Esses saberes serão compartilhados através de encontros e oficinas ao longo do projeto.

Coordenação: Luiz Elídio Gregório
Contato: legregorio@unifesp.br